O cinema usa constantemente o ambiente de trabalho para explorar os efeitos da falta de limite entre líder e liderado, mas também da falta de descanso a que, muitas vezes, os colaboradores são submetidos.
Em “O Diabo Veste Prada”, a personagem Miranda é a exemplificação do chefe abusivo no trato com a equipe. Exige mais do que seus cargos especificam, trata todos com rudeza e crueldade e outros comportamentos arbitrários. Além disso, suas funcionárias Emily e Andy trabalham por horas a fio praticamente sem direito a descanso ou vida pessoal.
Apesar do aparente exagero, as histórias reais nem sempre se diferenciam da ficção. A pressão pelo cumprimento das metas e das exigências da empresa criam, inclusive, uma sensação de culpa em relação ao período de descanso.
Os sinais de que há um comportamento que pode chegar a ser de risco são fáceis de identificar. O profissional está disponível 24 horas, responde mensagens profissionais fora do horário de trabalho, tem dificuldades para dormir e consequentemente faz uso de substâncias como a cafeína para estar sempre alerta, trabalha nos finais de semana e em horários de lazer para adiantar tarefas etc.
Com o uso de comunicadores instantâneos para a condução das tarefas, os limites entre o horário de trabalho e o horário de descanso ficam cada vez mais imprecisos, o que dificulta o reconhecimento do momento de se fazer uma pausa – e de sua importância.
Quais os efeitos da falta de descanso?
A primeira reação é a irritabilidade que, a longo prazo, pode se tornar crônica e encaminhar um quadro de burnout. A segunda é a vulnerabilidade do corpo como um todo.
Dormir menos e ter poucas horas de descanso durante o dia aumentam a chance de doenças cardiovasculares e de doenças infeccionas em geral.
Por fim, mas como consequência esperada, há a baixa produtividade. A redução do sono e do descanso ocasiona perda de capacidade cognitiva e da capacidade de organizar suas tarefas em ordem de prioridades.
Como inserir o descanso na rotina dos colaboradores sem afetar a produtividade
Cada empresa deve estabelecer sua rotina a partir da cultura. Existem lideranças que definem horários para um café da tarde em conjunto, assim como há outras que cumprem com rigor os horários de entrada e saída para que os colaboradores não pulem pausas, como o almoço.
Atualmente, há empresas voltando a utilizar o e-mail como ferramenta de comunicação para evitar respostas fora do horário comercial. Ou, ainda, que incentivam o uso de mensagens automáticas para que o colaborador não precise responder no seu período de descanso.
Ainda assim, é importante identificar se há profissionais sobrecarregados para analisar a possibilidade de readequar prazos, ajustar escopo de projetos e, até mesmo, considerar a contratação de novos profissionais.
Palavras-chave: saúde mental; burnout; saúde mental no trabalho; descanso; aprender a descansar.
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